domingo, 4 de janeiro de 2009

love is a force of nature.

o assunto pode parecer um pouco obsoleto, já que o filme é de 2005, mas eu realmente preciso fazer um post neste blog sobre a importância de brokeback mountain na minha vida, as mudanças causadas por ele no meu modo de pensar e no poder inenarrável que essa película tem de manter meus sonhos e minhas esperanças vivas.

a primeira vez que assisti ao filme, logo assim que saiu em dvd, ainda com todo aquele borburinho e polêmica causados em cima, foi uma experiência um tanto estranha pra mim. ao mesmo tempo que estava vendo retratado na tela todas as coisas que eu guardava em meu âmago, o filme me causou aquele estado de choque como se estivesse presenciando uma coisa absolutamente extraordinária e inimáginavel (na pior conotação dessas palavras). já havia achado um bom filme, mas acho que me empenhei mais em entender o porquê do alvoroço em torno dele do que em captar a verdadeira essência do filme.


dois anos então se passaram e muita coisa pode mudar na sua cabeça em tal curto período de tempo. quando amadureci o suficiente pra entender as coisas que aconteciam dentro da minha cabeça, percebi que precisava ver este filme de novo, agora livre de esteriótipos e de falso conservadorismo imposto pela mídia. fui à loja, comprei uma cópia do dvd e descobri ali finalmente uma das histórias mais fantásticas já escritas, pelo menos na minha percepção.

brokeback mountain foi um fio de esperança nos meus dias tempestuosos durante o ano de 2008. a pureza do amor de jack e ennis faz com nos sintamos revigorados em acreditar que há algo reservado nos esperando à próxima curva, como se pudéssemos encontrar no lugar mais inviável a pessoa com quem dividiremos nossas vidas. e esse poder de reacender esperanças que acabamos perdendo no dia-a-dia só é possível pela humanidade com que a história foi tratada, seja no belíssimo conto da annie proulx ou na película de ang lee. é até difícil acreditar que jack e ennis foram criados por um mulher heterossexual, porque ambos são retratos fiéis de coisas que todos nós passamos: não foram poucas as vezes que senti as necessidades de jack ou a solidão de ennis, a vontade de passar por cima de tudo e aceitar o que você é do primeiro e também os receios e temores plausíveis do segundo. há um pouco de ennis e jack em cada um de nós e a naturalidade dessa identificação é um dos fatos mais marcantes do filme.


o poder de emocionar da história também merece ser mencionado: eu vi o filme 5 vezes e li o conto 1 e, todas as vezes, acabei debulhando-me em lágrimas. sem pieguice ou drama exagerado, a história te envolve de tal forma que é impossível conter a emoção. eu, particulamente, desabo em 2 cenas e acho que posso assistir o filme dezenas de vezes que continuarei sendo emocionado por esses dois momentos: o primeiro deles é quando ennis sem saber mais o que fazer e sem conseguir levar mais a relação do jeito que levavam, pede a jack pra desistir dele. as lágrimas rompem dos olhos de ennis e jack o conforta com um abraço, o que o remete à lembrança de um certo abraço da época em que estavam na montanha (que é explicado no conto o porquê de ser a lembrança mais doce que jack tem da relação com ennis). e a segunda cena que acaba comigo é toda a seqüência na casa dos pais de jack, depois que ele já está morto. a doçura e ternura da mãe dele, o jeito que ela olha pra ennis sabendo que está diante da pessoa mais importe que seu filho tinha, as camisas escondidas, ainda marcadas com sangue...
a sensibilidade com que essa cena foi escrita é de tocar qualquer um.

pode parecer bobagem, mas brokeback mountain me toca como se fosse uma história baseada em fatos reais. todas as vezes que assisto eu fico dias a fio pensativo, cabisbaixo, com uma inquietude interior que acho que ninguém é capaz de entender. me comove de verdade, como nenhuma outra história fora capaz. e esse post é só uma forma de agradecer a annie proulx e ang lee por ter nos dado um bom motivo pra sonhar. "brokeback nos pegou de jeito, não foi?"

2 comentários:

Blower's Daughter disse...

Raphael, mto bonito o que vc escreveu sobre o filme.
É incrível como a história nos pega de jeito né? Eu fico deprimida toda vez que vejo, não é tão forte qto das primeiras vezes que vi, mas ainda assim, não tem como não sentir aquele nó na garganta, aquele aperto no peito. Hj estou melancólica e toda hora alguma cena do filme vem na minha cabeça. Incrível como o filme ainda causa reflexão em mim! Não é à toa que é meu filme preferido! Hehe!
"todas as vezes que assisto eu fico dias a fio pensativo, cabisbaixo, com uma inquietude interior que acho que ninguém é capaz de entender. me comove de verdade, como nenhuma outra história fora capaz. e esse post é só uma forma de agradecer a annie proulx e ang lee por ter nos dado um bom motivo pra sonhar. 'brokeback nos pegou de jeito, não foi?'". Essa parte resume tudo o que eu sinto!
É isso!
Parabéns pelo texto!
Na época do lançamento do filme, eu escrevi um texto tb, vou procurar e se vc quiser, eu posso te mandar pra vc ler e dar sua opinião!;)
Bjokinhas!

Ana Carol disse...

Gente, é verdade. Belo post, Raphael. Vc traduz exatamente aquilo que senti, na primeira vez que vi o filme e agora, quase dois anos depois. Me emociono com as mesmas cenas que vc descreve. É bom saber que um pouco daquela "Depressão pós filme" ainda nos acompanha, não é mesmo?

Parabéns pelo blog.