domingo, 29 de junho de 2008

chama a funai que o programa é de índio! (festa de são pedro)

a tati avisou algumas muitas vezes durante essa semana: era só falar da festa de são pedro perto dela que ela já soltava "o quê? programa de índio!". definitivamente, precisamos aprender a ouvir os amigos.

o martírio que se tornaria a noite passada começou na rodoviária interurbana de friburgo. pra quem não conhece o lugar, basta dizer que aquilo ali é o portal do inferno. isso, exatamente. logo abaixo das estruturas de concreto do local abre-se um túnel direto para a morada do sete-pele. e nem é opinião própria, qualquer pessoa com bom senso e lucidez concordaria com essas sábias palavras. entramos eu, filipe e 2 conhecidas dele numa fila que era o último vestígio de pessoas civilizadas que veríamos pela próxima hora. havia por volta de umas 20 pessoas à nossa frente, o que significa que conseguiríamos ir sentados, já que um ônibus apresenta entre 45 e 50 assentos. mas quando a condução parou à plataforma com sua placa escrito um "são pedro" engarranchado a giz, sua porta dianteira foi cercada por um bando de bichos sedentos por se acomodar e o que era uma fila indiana tornou-se um motim da febem reivindicando melhorias na comida. quando conseguimos finalmente colocar os pés para dentro do ônibus, todos os lugares já haviam sido tomados e nos restou nos expremermos pelo corredor, entre gente desconhecida e pouco educada.

entre todas as coisas que me incomodaram dentro daquele comboio do inferno (que não foram poucas, pode ter certeza), 2 merecem destaque:

suíça brasileira? onde?
de boa, o que aconteceu com essa cidade? cadê as pessoas normais, civilizadas e adeptas dos bons modos? porque, em qualquer lugar que se olhe, em qualquer esquina de qualquer bairro o que se vê é um culto quase religioso à moda da favela, à marginalização ou a prosmicuidade. e nem é papo de conservador e também não há nenhuma conotação racial ou preconceituosa nisso. eu só não consigo entender como de repente todo mundo virou mc de funk, cachorrona de baile, aviãozinho de traficante, vida loka, assassino profissional, membro de gang... cacete, a marginalização é a nova moda entre os jovens, coisa mais bizarra! e suíça brasileira ficou no passado. agora nós somos o bronx brasileiro. bacana né? ¬¬'

maldita nokia!
eu tenho pena da alma do cidadão sem mãe que inventou esses malditos celulares com mp3 que tocam no alto-falante. ele vai resgatar por muitas e muitas vidas tudo que ele está nos fazendo passar. porque eu desconheço coisa mais irritante do que você está em um lugar público e o filha-da-mãe sem senso do ridículo ao seu lado ligar aquela porcaria tocando o último pancadão, como se você tivesse a plena obrigação de ouvir juntinho com ele as melodias da sabrina, perlla, do mc créu e toda a patota criativa do funk. novamente esclareço que não há preconceito em minhas palavras, mas vocês acham que os fones de ouvido foram inventados para quê, cacete? ouça a droga da sua música sozinho ou ao menos pergunte se a pessoa ao seu lado não se importa, porque ninguém tem obrigação de aturar o seu gosto pessoal, beleza?

1 hora e meia num ônibus lotado com as amigas do filipe cantando músicas da xuxa, celulares tocando um funk com a melodia de "irreplaceble" da beyoncé (ao invés de "to the left, to the left" o criativo "músico" dizia "quero leite, quero leite"), pessoas olhando de cara feia com se fossem amigos ínitmos do 50 cent e também tivessem tomado trocentos tiros na cara, odores estranhos e contatos físicos involuntários deviam ser suficientes para você pagar todos os seus pecados cometidos nesse mundo. mas já dizia o sábio que desgraça pouca é bobagem...

chegamos à festa que consiste numa rua comprida fechada, cheia de barraquinhas e uma área cimentada para as pessoas dançarem forró. as pessoas que me conhecem sabem que não gosto de lugares cheios, de tumulto ou de forró, portanto, cabe muito bem a pergunta do que eu fui fazer lá. meu bom-senso vira e mexe falha e me deixa cometer erros terríveis como esse. começamos a subir a rua atrás de gustavo, que já estava na festa com a ágatha, a gabi, o daniel e mais um pessoal. eu e filipe estávamos tão cansados do dia de trabalho e da auto-flagelação da viagem de ônibus que estávamos pensando em ir embora uma hora depois de termos chegado, até que encontramos finalmente com o pessoal. ficamos por ali por algum tempo vendo o show do nó cego, comendo amendoins e sem vontade alguma de ingerir qualquer quantidade de álcool até que por volta de 2 e meia resolvemos ir para o ponto. nessa hora rolava até certa troca de farpas entre o grupo e as chances remotas de estancar uma porrada (rs), mas precisávamos ir para o ponto, com a esperança de conseguirmos um lugar para descansar nossos corpos exaustos. esperanças vãs, já que a rebelião da febem se repetiu e novamente eu e filipe conseguimos lugares maravilhos no meio do corredor. o cansaço da viagem de volta foi tenebroso e por várias vezes quase me peguei dormindo em pé, sustentado pelos braços fracos pendurados no ferro superior. e a máxima "desgraça pouca é bobagem" se concretizou soberanamente com uma caminhada de 40 minutos do centro ao nosso bairro, já que friburgo não tem ônibus durante a madrugada. ótimo jeito de terminar uma das piores noites da história mundial!

moral da história:
são nas baladas do fim de semana que pagamos nossos pecados.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

biografia autorizada - parte 2

esse post é uma continuação desse aqui.

o fato que marca a transição da minha infância para adolescência foi a troca de escola: era hora de deixar os amigos de 5 anos do hermínia e mergulhar no desconhecido do jardel hottz. mas na verdade, a adaptação no novo colégio não foi difícil como imaginei que seria e, de todos os relacionamentos que tive lá, vale frisar que um que me permanece até hoje é minha amizade com a ingrid (essa moça da esquerda na foto ao lado). o porquê eu realmente não sei, já que na época do jardel hottz eu passava 72% do tempo em sala de aula implicando com ela, junto com o jackson e o maycon. más companhias são um problema (rs). nessa época também eu fui tio pela primeira vez e para uma criança de 12 anos ser tio é uma coisa bem diferente. mas eu curti muito, vivia enfurnado na casa da minha irmã beijando a testa do patrick (ela berrava quando eu fazia isso, dizendo que eu tava babando a criança rs).

a mudança de escola veio de novo e o ensino médio não começou de um jeito muito agradável para mim. e talvez foi nesse ano que eu e ingrid apertamos os laços da nossa amizade, já que ela era a única pessoa que eu tinha no jamil el-jaick, colégio que não me recebeu acolhedoramente como os outros. comecei a faltar aulas de tão mal que me sentia naquela turma e minha mãe foi chamada à escola por conta disso. eu só fui me adaptar ao colégio e fazer amizades no 2º ano, ou seja, todo o ano de 2001 foi um martírio para mim. contudo, essa foi uma época criativa para mim: foi nos anos do jamil el-jaick que escrevi dois épicos da literatura brasileira (rs): curtindo a adolescência, um conto sobre a juventude do século XXI mal-escrito e com idéias mirabolantes sem noção (rs); e um dia espero te reencontrar, a epopéia de um amor impossível que acaba em morte. okay, confesso que são 2 porcarias, mas creio que mereço o mínimo de respeito pelo meu esforço: esse segundo foram 700 páginas de rascunho e depois passei as 700 páginas a limpo, já que não possuía computador na época. os 2 cardernos com as aventuras de paty e digão se encontram bem guardados na casa da lory, como relíquias da minha adolescência.

o período 2001-2003 trouxe também os meus tempos de depressão e introspecção: mudamos para uma casa gigante na rua heckert e eu passava quase todo o tempo nessa casa trancado no meu quarto mal-iluminado, ouvindo música ruim no meu discman (nessa época eu ouvia de the calling a charlie brown jr. tsc...) e escrevendo coisas taciturnas e depressivas. não via meus amigos, o único contato social que eu tinha era na escola, me afastei dos meus pais, o que tem reflexo até hoje na relação com eles e tinha devaneios idiotas sobre suicídio e morte. mudamos da rua heckert para um condomínio no nova suíça e aí então que a coisa piorou: a distância física do filipe (a única pessoa que eu mantinha contato nessa época) me jogou num poço de solidão que quase fez eu me entregar. esses tempos nefastos só passaram quando nos mudamos de volta para a chácara do paraíso, para a casa onde vivo até hoje.

a escola repentinamente acabou: nessa época eu já tinha dado meu primeiro beijo com um moça que apareceu do nada lá na rua do filipe. eu era iniciante, porra, e as palavras dela me fizeram passar 1 ano sem beijar mais ninguém. eu e filipe chamos esse período de trouble b (problema beijo rs). o fim da escola me deixou meio desnorteado, afinal, era hora de se jogar na vida. meu pai mandou eu ir caçar um curso e eu queria fazer inglês afinal, inglês é parte integrante da minha vida desde minha coleção magic english (sim, eu aprendi inglês com mickey, pluto, pateta e derivados). meu pai embarreirou o curso de inglês e acabei entrando pra manutenção de computadores por ser um curso rápido. péssima idéia, dinheiro jogado fora e 6 meses perdidos. a vida então se encaixou no meio-expediente na locadora porque em 2007 o processo de recuperação do meu couro cabeludo (explicado detalhadamente na parte 1 desse post) recomeçaria.

dessa operação eu tenho vastas lembranças, portanto, posso dividir algumas com vocês: o expansor colocado no meu cocuruto fez um verdadeiro quebra-molas na minha cabeça e se você desse tapinhas nele, dava pra ouvir o soro lá dentro se mexendo. gustavo nunca conseguiu colocar a mão porque ele morria de nervoso e não era para menos: eu fiquei parecido com um e.t. com aquela deformação na cabeça. eu tirei o expansor em junho e voltei para fazer uma operação mais simples em dezembro. na verdade, chega de expansores! tudo que o dr. henrique (um médico excepicional, diga-se de passagem, que sempre foi muito atencioso comigo) fará agora são implantes para cobrir as partes pequenas que faltam. se eu vou me livrar do boné depois que essas pequenas operações acabarem, sinceramente, eu não posso afirmar. mas que eu já me sinto mais livre e confortável com isso é uma certeza.

e eis que chegamos a 2008, a cena final do volume 1 do filme da minha vida (boiou? primeiro post do blog, por favor). em março desse ano eu começei a trabalhar na casa do doce, meu primeiro emprego de verdade, já que na locadora sempre foi meio-expediente. o começo lá foi muito difícil, já que o vinicius não estava satisfeito com o meu aproveitamento e, ao invés de falar comigo sobre isso, estava falando com os outros funcionários. pensei diversas vezes em sair, desistir, jogar a toalha... mas aos poucos me adaptei e hoje em dia estou bem satisfeito com meu trampo. trabalhar na casa do doce também foi deveras importante para a minha aproximação do gustavo, já que por trabalharmos juntos, nos tornamos ainda mais próximos.

mas se a parte profissional se encaixava durante o ano de 2008, havia algo errado na minha vida pessoal. algo muito errado. a tristeza começou a achar espaço e a ir se acomodando como se tivesse sido convidada; a infelicidade apagava lentamente o sorriso do meu rosto, enquanto a angústia se acoplava ao meu corpo, deixando um mal-estar de que tem algo muito errado. e quando ficou impossível de suportar, quando já estava causando dor demais para seguir em frente, eu conversei com a bia e pude novamente respirar. tassi viria em seguida, trazendo um pouco mais de paz pra minha amargura, dúvidas e complexos.

e então, na segunda-feira dessa semana, num banheiro sujo onde deixei as lágrimas rolarem deliberadamente, a tela em fade-out anunciava o fim do volume 1. e parece que dessa vez a continuação superará o filme orginal. que venha o volume 2!

terça-feira, 24 de junho de 2008

conversas de dias de inverno

o silêncio preenche tudo no primeiro instante. a conversa é diplomática, displicente, como de dois velhos amigos que se encontram na fila do banco depois de anos sem se ver. a falta de palavras levam os olhos a acompanhar o movimento dos carros na rua. está frio. o céu cinzento parece um reflexo da minha alma. fecho o casaco. ele torce o pescoço, olha nos meus olhos. - você tem certeza?
- tenho, respondo. - que merda, ele diz. não porque vá mudar alguma coisa, ele garante. mas, percebo eu, que ele não quer me ver sofrer. suas perguntas são cheias de rodeios, mas ávidas por respostas. respondo-as sem pestanejar, desejando aquela conversa há muito tempo. a preocupação, o apoio, a aceitação... tudo vem num bombardeio de sentimentos acolhedores. meus olhos umidecem. ouço tudo, falo pouco. quando falo, as lágrimas rolam. ele vai atender um cliente. aproveito a deixa para ir ao banheiro. sento no vaso. deixo o pranto rolar sem restrições. um choro de alívio. lágrimas que lavam meu rosto do medo de perder tudo que eu tinha. eu não vou perder. não vou.

... o peso sobre meus ombros começa a ficar mais leve.

domingo, 22 de junho de 2008

useless top 5 - melhores conversas

- o useless top 5 (top 5 inúteis) será um quadro fixo do meu blog, enumerando periodicamente os 5 melhores numa categoria irrelevante e sem importância alguma.

no useless top 5 de hoje, vou eleger as 5 pessoas com quem tenho as melhores conversas: aquele papo furado de horas sobre assuntos variados, contemporâneos e (in)úteis, aquelas risadas, piadas e comentários infames e aquelas pessoas com quem tenho mais afinidade pra falar sobre tudo e desabafar na hora que a coisa aperta.

5º lugar: bianca
aaah, a bia! essa moça lá de goiás que veio aos poucos conquistando meu coração com seu jeito tão próprio, cativante e amável. nós nos conhecemos há pouco mais de um ano, numa espécie de jogo viciante que causa sérios problemas na vida real (rs, ela sabe do que estou falando). eu sempre tentava fazer meu personagem se aproximar dela, mas ela sempre me ignorava prontamente com respostas educadas e assuntos sem continuidade, para que eu não pudesse continuar a prosa (rs). até que a magia aconteceu: passamos a gastar horas nesse jogo com conversas cômicas, hilárias, de fazer a barriga doer de tanto rir.

até que o jogo, de uma hora para a outra, terminou para nós dois. e, quando nos vimos raphael e bianca frente a frente, sem o pano de fundo que eram nossos personagens, a química entre a gente já estava tão viva que foi exatamente a mesma coisa. e eu fico muito feliz com isso, porque ficar sem a bia na minha vida é totalmente sem condição!

as minhas conversas com a bianca são mágicas, só assim consigo descrever: eu posso estar com problema que for, com o humor mais para baixo possível que é sempre na janela dela que eu encontro a risada necessária. e depois da primeira, há uma sucessão de espasmos e risadas que podem acordar o vizinho e uma vibração tão boa e positiva que é impossível ficar indiferente. contudo, obviamente que nem só de humor sagaz e pecamino vive nossa janela do msn: a gente se pega sempre devaneando sobre a vida e suas dificuldades, sobre o quanto ela é nerd e estará rica antes dos 30 e sobre minhas crises existencialistas e meus complexos.

a bia é assim: traz tante felicidade para as minhas conversas com seu senso de humor malicioso e apurado, tanta confiança com seus conselhos e suas confissões e tanta cultura inútil com suas horas assistindo tv fama que o 5º lugar não podia ser de outra pessoa. te amo, potranca! (rs)

4º lugar: ivando
toda vez que vou procurar emprego eu tenho uma preocupação fixa: o que conversar com a pessoa com quem trabalharei. na verdade, eu sou péssimo pra conversas rotineiras, aquela coisa maçante do dia a dia e a diplomacia de papos com pessoas que não me conhecem.

quando o ivando me chamou para trabalhar na locadora, eu aceitei prontamente, mesmo que tivesse esses medos. contudo, nos 2 anos que fiquei lá, aconteceu exatamente o contrário: eu nunca precisei me preocupar com conversas rotineiras de companheiros de trabalho, porque nossos papos sempre foram profundos e cheios de assunto. com ivando eu aprendi muito sobre filmes e foi ali que adquiri meu gosto por cinema de verdade. nossas opiniões sobre música sempre divergiram um bocado, mas eu consegui implantar pelo menos um pouco de coldplay, death cab for cutie, keane e outras bandas no gosto musical ultrapassado dele (rs).

e quando o assunto sobre cultura acabava, a gente passava tardes falando sobre a vida. e muitas vezes as conversas que tive com ele, a confiança que ele tem na minha capacidade de ainda ser alguém me davam o incentivo de me esforçar mais um pouco e correr atrás. certas conversas até mesmo enchiam meus olhos de lágrimas pela pronfudidade e sinceridade e, com certeza, essas conversas com ivando são parte crucial do meu amadurecimento como pessoa.

pelas melhores conversas no local de trabalho que eu tive e que terei durante toda minha vida, o 4º lugar é dele. quero ver quem mais acha que conversar com o patrão é tão bom assim (rs).

3º lugar: tassi
tassiane esteve em todas as fases da minha vida: na infância, na escola; na adolescência, quando ela vinha para a loja da mãe dela que fica perto da minha casa; e agora, na fase adulta, com menos tempo, mas com a mesma intensidade.

antigamente, a gente colocava toda a nossa energia em falar mal das pessoas (rs). sentávamos na porta da loja da mãe dela e começávamos a destilar veneno em qualquer um que desse motivo. nossos comentários eram tão inteligentes e observadores que as crises de riso eram impossíveis de ser contidas. mas eu e a tassi amadurecemos juntos. ela um pouco mais rápido que eu, obviamente, já que é a ordem natural das coisas e as mulheres sempre amadurecem primeiro que os homens. e mesmo que não tenhamos perdido a sagacidade dos comentários maldosos, o foco de nossas conversas agora são mais profundos e relevantes.

a verdade é que há muita cumplicidade entre mim e tassi. segredos entre a gente praticamente não existem e um sempre fica afoito para contar ao outro o que tá rolando. e por tanta cumplicidade, risadas e por uma amizade duradoura e verdadeira, o 3º lugar é dela. =]

2º lugar: gustavo
dos meus 4 amigos que compõe o grupo de amizades desde a infância, nem sempre o gustavo foi o mais próximo de mim. isso passou a acontecer, basicamente, depois que a gente começou a trabalhar junto. e desde então, não há como negar que os laços que já eram muito fortes se apertaram ainda mais.

ultimamente nós temos falado muito do futuro, dos nossos medos e perspectivas e de tudo que está prestes a acontecer. e a gente fala disso por horas, acordados no escuro da noite até a gabriela (irmã dele) reclamar que já são 2hrs da matina e a gente não pára de falar (rs). mas o passado nunca é esquecido nesse olhar para o futuro e as lembranças sempre geram muitas risadas e uma sensação de que tudo valeu a pena.

independente do que o futuro está prestes a trazer, eu e o gustavo sabemos como nos divertir: praticamente rimos durante todo o tempo que passamos juntos, coisa de deixar o maxilar doendo. são piadas, comentários, gracinhas, ironias, sarcasmos que muitas vezes só nós dois entendemos, mas basta um olhar pra cara do outro que a percepção acusa que tem algo muito engraçado por perto (rs).

uma das pessoas mais importantes que já cruzaram minha vida. e as pessoas importantes não aparecem sem motivos. nunca. 2º lugar ;)


1º lugar: bia
nós moramos a milhares de quilômetros de distância e nos falamos por telefone ou ao vivo somente uma vez. não obstante, as conversas por msn com a bia são tão importantes para mim que nada disso a impediu de ficar com o 1º lugar desse useless top 5.

como eu disse num post anterior, eu e a bia nos conhecemos graças ao jack johnson e, mesmo que hoje em dia nem falemos do cantor-surfista, a afinidade continua intacta. por quê? porque não era a coincidência de gostar do jack johnson que nos unia. eram nossas personalidades fortes e únicas, nossa inteligência (até hoje peço uma cpi no teste de q.i., o qual, devido a um roubo, ela conseguiu 3 pontos a mais que eu), nosso gosto pra cultura em geral e, principalmente, nossa capacidade de abrir o coração pra deixar uma pessoa totalmente estranha entrar.

quando eu converso com a bia, sinceramente, é como conversar com uma pessoa que sempre esteve na minha vida, que me conhece tão bem que parece até impossível surpreender contando alguma coisa. e o msn não torna nada frio, superficial ou algo do tipo. as conversas são tão calorosas como se estivêssemos próximos e aptos a nos abraçar no momento que um dos 2 precisa. e é na pagina dela que rolam os lamentos, as lágrimas e as principais conversas sobre o meu medo de aceitação e meu complexo de inferioridade.

e, por tanta coisa mas, principalmente, por me oferecer generosamente um oásis no meio de um mundo de tanta complicação e turbulência; por me oferecer o único lugar do mundo onde eu posso ser eu mesmo; e por ser exatamente a pessoa que ela é, o 1º lugar é todo seu bia.
te amo ;)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

moz'd understand me.

ontem à noite, enquanto o ônibus que me leva diariamente para casa cruzava vagarosamente a avenida, deslizando lentamente para cumprir seu itinerário o qual estava um tanto adiantado, meu Ipod no shuffle me pegou de surpresa com um canção do morrissey chamada "i have forgiven jesus". meu cérebro rapidamente começou a se prender em cada palavra da música - coisa que eu não faço muito, confesso; tenho o péssimo hábito de só me preocupar com a melodia - e, rompendo barreiras lingüísticas (meu inglês é o básico e eu sou bem ruim para ouvir a língua inglesa), fui levado de repente para verdadeiros devaneios sobre uma coisa que eu nunca tinha parado pra pensar: minhas crenças. ou a falta delas.

eu fui criado, batizado e fiz primeira comunhão na igreja católica. é bem verdade que sempre foi uma coisa forçada pelos meus pais. para mim, catecismo não era nada além de um tempo perdido no meio do meu sábado, onde eu podia estar brincando e fazendo peraltices por aí. os sermões do padre nas missas dominicais me mergulhavam num tédio sem precedentes e minha mente se dispersava até mesmo com os mosaicos feitos a guache da vidraça, os quais eu já havia estudado e analisado bilhares de vezes. contudo, 2 fatos cruciais me levaram ao afastamento por completo da igreja católica - e de qualquer outra.

o primeiro deles aconteceu quando eu tinha uns 12 anos e acordei cedo para ir à missa dominical com meus pais na igreja matriz. é bem verdade que meu interesse era no que acontecia após a missa: meu pai comprava vários envelopes de figurinhas para mim (rs). mas durante essa celebração em questão, o padre me convidou educadamente a me retirar da igreja por causa do boné. beleza, eu entendo que ele não sabia o motivo real do uso do boné como os padres da igreja do meu bairro sempre souberam. entretanto, mesmo com pouca idade, aquilo me soou como um paradoxo em relação à doutrina que a igreja prega. não entrava na minha cabeça como podia haver "exclusão" do lar de deus por não cumprir uma "regra". se o uso de chapéu é realmente desrespeitoso em lugares como a igreja, também é desrespeitoso com uma criança expulsá-la de um recinto dessa forma.

essa foi minha separação da parte física da igreja; desde então nunca mais pus os pés na morada do senhor (juro que não estou sendo irônico, rs). a emancipação real aconteceu quando comecei a ter minhas próprias opiniões e ideologias. desde então tornou impossível seguir uma doutrina que condena uma característica biológica de determinado grupo de pessoas. me soa muito estúpido a igreja condenar o homossexualismo se, afinal de contas, seria o próprio deus quem teria criado tal condição a determinada parcela de suas "obras-primas". afora isso, os conceitos de céu, inferno, purgatório, pessoas que viviam 700 anos, arcas que cabem dois animais de cada espécie... de boa, tudo isso sempre foi demais para minha cabeça.

então, em certo momento da minha vida eu deixei de ser um pseudo-cristão para me tornar um... ateu?! pois é, e quando você passa a duvidar que o moço lá em cima fez tudo isso aqui em 7 dias, lhe resta crer que houve a explosão de um ovo cósmico e que os macacos aprenderam a andar eretos e a fazer bandos de gente estúpida chamados "sociedade". eu tentei me convencer disso tudo muitas vezes. tentei olhar pelo lado da ciência e ver respostas pra todas aquelas coisas que nossa mente fica ávida por explicações lógicas. mas nunca me convenci de verdade, mesmo que a quantidade de pêlos em meu corpo seja uma prova nítida de que eu tenho um primo chimpanzé (rs).

portanto, se eu não acredito em deus, nos céus, no inferno, na ciência ou que paul mccartney morreu e foi substituído por um sócia, em que diabos eu acredito?

quando eu estou fazendo minhas caminhadas outonais e tendo meu melhor momento de introspecção, eu me pego com meus sentidos amplamente apurados. eu sinto o oxigênio bailando em minhas vias nasais em busca do aconchego dos meus pulmões; meus olhos contemplam maravilhados a silhueta das montanhas que cercam minha cidade e a beleza simplória de uma árvore à beira do rio transforma-se numa moldura de beleza ímpar; até mesmo o trajeto das formigas carregando folhas mais pesadas que elas chama a minha atenção e me pego com um pensamento certo: a perfeição com que as coisas no nosso planeta se encaixam só pode ter sido constituída por uma força maior. tem que haver uma "coisa" acima de coincidências ou ordens naturais que planejou tudo do jeito exato e nos deu de presente sua obra-prima (para que a gente rabisque com canetas esferográficas, fazendo bigodinhos e óculos de aros-finos). e, de súbito, me pego novamente acreditando em deus. não o homem fanfarrão sentado lá no alto, olhando tudo com seu ar imponente e anotando em sua pranchetinha quem vai pro céu e quem vai curtir umas festas ardentes na casa do sete-pele (rs). acredito em deus como uma força maior que as pessoas sentiram necessidade de nomear. e essa força não vai mandar seu primogênito para cá tocando trombetas e descendo do céu numa nuvem rosa, goddamnit! (rs).

das doutrinas religiosas que temos hoje em dia, uma que me cai bem e razoavelmente aceitável é o espiritismo. na época que eu trabalhava na locadora, ivando, tassi e eu costumávamos ter pequenas reuniões onde o primeiro nos passava um pouco dos seus conhecimentos naquilo que ele acredita. e eu realmente aceito bem melhor a idéia de que nossa alma vai pagar pelos nossos erros do que em deus e sua pranchetinha. e acho que, quando for buscar uma doutrina religiosa para minha vida, será o espiritismo. mas, no exato momento, eu estou ocupado demais tentando ser eu. questão de prioridade.

por enquanto, fiquemos com morrissey nesse ode ao momento atual da minha vida:


sábado, 14 de junho de 2008

biografia autorizada - parte 1

se o futuro (ou a falta de) foi tema de um post inteiro há alguns dias atrás, mais do que justo fazer um para falar do passado, da forma mais ampla que me for permitido pela minha memória e lembranças. não há grandes proezas, grandes aventuras ou grandes mergulhos no mar de possibilidades da vida. na verdade foi um existência até agora esculpida na simplicidade, mas não menos importante por isso.

eu nasci no dia 18 de dezembro de 1985, por volta das 3 da matina. sou o quarto filho e o caçula, portanto, toda a bajulação recebida nos anos seguintes foi devidamente merecida. meu pai costumava cantar a seguinte musiquinha quando eu era pequeno: "raphael é um porquinho / um porquinho bonitinho". e o tom da sua voz ao fazê-lo era de um pai que realmente ama muito seu filho, tanto que ele volta ao meu ouvido até hoje sem qualquer dificuldade.

o primeiro fato que viria a mudar minha vida aconteceu quando eu tinha apenas 2 anos e meio de idade. minha mãe estava na cozinha comigo, preparando uma sopa para mim. estávamos sozinhos em casa. ela foi ao quarto buscar um pano para que pudesse me tratar a comida e, enquanto isso, eu baixei a tampa do forno e me sentei nela. sabe como é, quando o cansaço bate não tem hora nem lugar (rs). conseqüência: o fogão virou com meu pouco peso e a sopa foi despejada sobre meu corpo. minha mãe entrou em desespero e alguém conseguiu uma carona para me levar ao hospital, eu não sei bem ao certo. mas disseram que durante todo o trajeto eu fiquei num silêncio sublime, uma espécie de estado de choque - ou de transe.

a sopa fervente não alcançou meu rosto, mas marcou mais de 60% do meu couro cabeludo de forma permanente: o cabelo na área atingida não voltaria a crescer. algumas marcas no braço direito também podiam ser vistas, mas conforme fui crescendo, elas se tornaram menos nítidas com o esticamento natural da pele. o trauma de não ter cabelo foi resolvido com bonés, marca registrada até hoje da minha pessoa (rs). okay, confesso que não foi fácil saber lidar com isso e às vezes eu me sentia um e.t., mas na maioria das vezes parecia até que o boné já era parte integrante do meu corpo. nesses 22 anos, contabilizam-se apenas duas aparições em público sem boné: aos 5 anos, no aniversário de 15 anos da minha irmã roseane e uma por volta dos 14, quando pivetes roubaram meu boné no centro da cidade. nessa 2º vez o capuz do casaco foi de utilidade ímpar.

quando eu tinha 6 anos, eu fiz a primeira operação de recuperação do couro cabeludo na santa casa de misericórdia do rio de janeiro, um tratamento complicado de explicar, mas eu tentarei: os médicos introduziram um aparelho chamado expansor por baixo da pele que ainda havia cabelo e não fora atingida pela queimadura. em seguida, atráves de um válvula, eles começam a infiltrar soro para dentro dessa bolsa de silicone e, com isso, esticam a pele, proporcionando a elasticidade devida para depois puxá-la para a parte queimada e tapá-la com cabelo. entendeu? aposto que não (rs). mas god bless o google \o/: na foto a seguir, uma explicação muito melhor que a minha sobre o expansor (rs):


obviamente não foi possível tapar toda a área queimada com apenas uma operação, mas o resultado já havia sido muito satisfatório. o ano seguinte deveria ser gasto com a 2º etapa da operação, mas minha família foi pega de súbito por mais uma tragédia: a morte da minha irmã num acidente de carro.

eu confesso que não tenho muitas lembranças desse período porque eu era muito pequeno. eu não lembro dos meus sentimentos, de como isso me afetou ou como afetou minha família. tenho lembranças de dias cinzentos na casa da minha madrinha, porque quiseram me manter afastado de tudo aquilo. lembro do carro do meu padrinho parado em frente ao cemitério e minha decisão de não querer entrar. lembro de particularidades, mas não lembro do todo; apenas suponho, como se não tivesse vivido o período nublado que se seguiu durante aquele(s) ano(s).

nessa época eu já estava na escola. depois do pré-escolar no ienf, passei os próximos 5 anos escolares no hermínia dos santos silva e de lá também vieram meus primeiros melhores amigos: léo e ritiele. o engraçado é que sempre fomos vizinhos, mas só passamos a ter contato depois que passei a estudar com o léo. e desde então foi difícil me tirar de dentro da casa dele (rs). eu só ia pra casa comer, tomar banho e dormir; o resto do dia era todo gasto lá com brincadeiras e jogos diversos e criativos, a maioria inventados por mim. quando as brincadeiras de casa tornaram-se monótonas vieram as brincadeiras de rua e aí entram filipe, marcinho e diego, que ainda estão na minha vida até hoje. léo e riti se mudaram, dando espaço pra filipe se tornar meu novo melhor amigo, mesmo que de vez em quando brigássemos e a mãe dele viesse se envolver (rs). período maravilhoso de brincadeiras na rua: pique-esconde, queimada, peteca com a josy (rs), resident evil, filmes e por aí vai.

contudo, a simplicidade da infância foi aos poucos se evaporando, dando espaço às complicações da adolescência, como veremos em breve.

to be continued...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

lê lê, lê lê...

passando muito, muito rápido somente para dizer que essa semana vinícius (meu patrão) pirou o cabeção e comprou o mundo. desde segunda-feira tem chegado tanta mercadoria que as caixas têm ficado empilhadas no meio da loja e o rapha aqui não tem tempo sequer para respirar ou ficar espiando as pessoas que passam na rua (coisa que eu costumava fazer toda hora rs.) resultado: ando um bagaço, um verdadeiro moribundo circulando por aí com olheiras. e nas palavras sábias de damien rice "tiredness fills empty thoughts". mas hoje não é dia de ficar lamuriando pelos cantos. estou cansado até mesmo para isso (rs).

feliz dia dos namorados para os casais apaixonados aê. hoje eu vi tanta babação de ovo na rua que estou até enjoado (rs). brincadeira, o amor é lindo e quem acha que fico puto por não ter ninguém e odeio a data por causa disso, se engana. acho muito bacana ver as pessoas mais próximas e pelo menos um dia no ano preocupadas com um coisa que realmente importa na vida: o amor. minha pessoa está vindo aí (eu espero) e quem sabe ano que vem eu não esteja sentado na frente do pc em pleno dia 12 de junho. coisa mais deprimente (rs).


na foto ao lado, toda a galera da casa do doce, onde morro de trabalhar, mas onde dou boas risadas durante o dia todo. é sempre importante você se sentir bem no seu local de trabalho e mais um vez eu dei sorte no meu: estou há 3 meses apenas mas parece que estou há anos já. da esquerda para a direita: miracema (reserva ou titular 2008? fica a dúvida), tatão (juvenelsaaaaaa rs.), zaguinha (meu companheiro diário que me atura com total afinco e dedicação rs.), gustavo e nhonhô vinicius (modo como os escravos chamavam seus patrões em dom casmurro rs).

volto essa semana ainda para fazer um post decente, mas, por ora, vou fazer um café bem quente e deitar pra ver um bom filme - conduzindo miss daisy, ainda na sessão "colocando os clássicos em dia".

boa noite aê. =]

terça-feira, 10 de junho de 2008

"oi lienda, bella che fa?"

ela jurava de pés juntos que o surfista - e cantor nas horas vagas - jack johnson havia escrito essa música única e exclusivamente pra ela, como se ela fosse a musa inspiradora de todos os compositores havaianos. foi nessa onda de absoluto egocentrismo que ela entrava na minha vida: ana beatriz, a minha bia. =]

nós nos encontramos há pouco mais de 2 anos por mera coincidência numa comunidade do jack johnson no orkut. na época, éramos ambos fanáticos pelo som do cara e eu procurava por um lado-b. e eis que ela surgiu cheia de boa vontade - o que foi uma dádiva divina para nos unir, porque boa vontade, infelizmente, não é o forte da personalidade dela (rs). trocamos msn e, durante trocas diárias de músicas, percebemos que nossa afinidade ia muito além de violões doces e letras açucaradas: tínhamos personalidades e pontos de vistas parecidos e a afinidade foi cada vez crescendo mais. gastávamos horas na internet juntos, até altas horas da madrugada, conversando, rindo, implicando um com o outro... afirmando veementemente que eu era sua versão masculina e ela minha versão feminina.

durante esse dois anos que nos conhecemos, certas coisas mudaram, outras permaneceram intactas; ambos fomos pegos por uma onda de amadurecimento e, aos poucos, deixamos a música superficial de outrora pra procurar melodias e letras mais profundas. bia se achou no post-rock e suas bandas-islandesas-que-inventam-dialetos-próprios; eu fiquei com o indie e suas-bandas-depressivas-me-ama-ou-eu-me-mato. às vezes as divergências de opioões são inevitáveis, mas na maioria das vezes apresentamos tais bandas um para o outro e mantemos a compatibilidade do last lá no alto. outra coisa que sofreu mudanças no decorrer do tempo foi o centro de nossas conversas: é bem verdade que 75% do que a gente fala é música, filme, livros ou coisas irrelevantes. mas de vez em quando, de súbito, a gente se pega falando da vida, da morte, de medos, do futuro, de relações, de sexo, dos nossos pais, de nossas crenças, nossas opiniões e opções... de vez em quando a gente finge ser adulto e com mais ninguém nesse mundo eu consigo ser tão transparente e verdadeiro.

mas houve uma época em que eu estava tão fechado, tão profundamente escondido na minha concha que nem a bia conseguia entrar. nossas conversas no msn, acostumadas com papos de milhões de caracteres não passavam de cumprimentos e um breve comentário sobre o último álbum ouvido. a culpa disso foi minha, que achava que devia passar pelo o que estava passando sozinho. até que numa noite uma lampejo de luz iluminou meu caminho e meu interior me disse imperativamente: "hey idiota, o que você está esperando pra contar para a bia?". respirei fundo, tomei fôlego e fui eu. e ela recebeu tudo com a maior naturalidade do mundo, me dando a conversa que eu tanto estava precisando há anos. tornou-se de repente o meu oásis, o único lugar do mundo onde eu podia ser eu mesmo sem medo de repressões e sem precisar atuar aquele personagem que eu já estava tão de saco cheio. você, de certa forma, de libertou, bia. e nada nesse mundo pode pagar essa sensação que você me proporcionou.

há 2 anos atrás, num extinto blog que eu possuía na época, escrevi palavras de aniverário para você também. é até engraçado estar de novo fazendo a mesma coisa, mas numa perspectiva bem diferente: se naquela época começávamos a construir uma amizade com certa insegurança se seria uma coisa firme e sólida, hoje escrevo com a tranqüilidade de saber que você fará parte da minha vida para sempre. não por ter sido a primeira, não tem nada a ver com isso. isso é mero detalhe perto da importância de todos os outros momentos, risdas e conversas que tivemos. nossa amizade é pra sempre simplesmente por ser o que ela é. e se a geografia é problema pra alguns, a gente tira isso de letra, né não? não vão ser alguns quilômetros que vão nos atrapalhar e estar cada dia mais unidos e cúmplices um do outro.

esse post ia terminar de uma forma muito inusitada: eu pretendia fazer um vídeo CANTANDO saeglopur para provar a você que sua amizade é tão importante para mim que, por você, aprendo até a falar o hopelandic. por motivos de força maior, (in)felizmente o plano teve que ser abordado. termino aqui então com a singela mensagem de que, não importa a estrada que nossas vidas seguirem, eu vou estar bem próximo, seguindo junto contigo, beleza?



feliz aniversário, mulher da minha vida. S2

domingo, 8 de junho de 2008

o estrago que faz, a vida é curta pra ver.

eu acho que deve ser um medo universal, algo que cada pessoa deve sentir lá no fundo do seu ser. e é realmente uma das coisas que mais me assombram: o medo de estar deixando a vida passar displicentemente, de modo que, quando eu olhar pra trás daqui há alguns anos, verei que minha existência nesse planetinha azul foi a mais medíocre possível. eu tenho 22 anos atualmente e nada do que vivi foi coberto daquela intensidade arrebatadora de tirar o fôlego. nunca vivi uma paixão cálida ou senti minha alma completa, como se tivesse achado a pessoa com quem gostaria de passar o resto da minha vida; sequer pude ouvir uma música romântica e nomeá-la egoistamente trilha sonora do momento que estava vivendo. nunca fui pego de súbito por aquele toque no lugar certo, que arrepia os pêlos do braço, que faz seu estômago revirar-se num espasmo de ansiedade incontrolável. nunca tive meus olhares intensos e significantes retribuídos, meus sorrisos tolos notados ou meus gestos compreendidos. nunca houve reciprocidade de sentimentos, tudo nunca passou de fantasiosas obsessões por desconhecidos. nunca houve amor. em nenhuma de suas formas.

e não é só a falta de relacionamentos que me deixam temeroso sobre a falta de aproveitamento do meu tempo roubando o oxigênio terrestre: não tive chances de conhecer o mundo ainda - sequer saí do meu próprio estado. não conheci todas as pessoas que eu gostaria, pessoas realmente interessantes, que acrescentam brilho à sua existência e fazem diferença no seu dia-a-dia. não li todos todos os livros, não vi todos os filmes, não ouvi todas as músicas, não conheci todas as culturas... goddamnit, uma vida só é pouco tempo pra isso tudo ou sou eu que estou deixando essa porra toda escapar pelos meus dedos?

nós sempre achamos que teremos muito tempo pela frente pra viver o que não vivemos hoje por preguiça. eu confesso que sou um desses que deixa tudo pra amanhã, porque hoje eu tenho preguiça até de respirar. não tenho muito saco pra planejamentos, pra correr atrás, pra fazer acontecer... sento no sofá e espero mesmo e, se não vier, que se dane. mas de um tempo pra cá, eu caí na ardilosa armadilha que é passar a pensar no futuro. e pronto, depois que você faz isso pela primeira vez, há uma reação em cadeia que te deixa apavorado pela falta de perspectiva da sua vida. é nesse estágio que me encontro agora.

a minha capacidade intelectual é constantemente superestimada. ivando (meu ex-patrão e grande amigo) deposita sua confiança em mim, oferecendo ajuda monetária para que eu comece uma faculdade. em conversas com a tassi, ela quase me agride fisicamente por eu não está fazendo nada de útil com essa tal "capacidade" que tenho. não estou tentando também me passar por um ignorante acéfalo, veja bem. somente acho que meus conhecimentos reais são supérfluos. posso decorar o nome dos 29 integrantes do i'm from barcelona se eu quiser, mas não consigo me interessar por política, economia ou história ou entender uma equação de matemática. posso aprender e decorar as letras de toda a discografia dos beatles, mas não sei o nome de todas as capitais dos estados brasileiros. ou seja, meu cérebro absorve somente o que ele quer. uma maldita esponja com vontade própria 'sapouha (rs).

ele - meu cérebro, digo - poderia ter ido muito além dos 126 pontos de q.i. que possui, eu sei disso. eu poderia estar agora numa faculdade federal facilmente, terminando meu curso de inglês e me preparando pra aturar alunos tralhas. o que faltou? investimento na capacidade do rapha aqui. é um pouco escroto falar esse tipo de coisa, mas meus pais nunca pensaram a longo prazo no meu futuro. porque, afinal, o primeiro pensamento sobre isso deveria ter sido deles. meu pai, um pouco antes de eu nascer e quando eu era bem pequeno, tinha um ótimo emprego, tanto que o único dos seus 4 filhos a nunca ter estudado numa escola particular fui eu. a coisa depois ficou um pouco mais apertada, mas creio que se tivesse havido planejamento, eu poderia ter estudado numa boa escola que teria explorado de verdade minha capacidade. porque as escolas públicas simplesmente não fizeram isso. e não quero desmerecer a educação do país nem entrar no mérito dessa questão, mas eu passei meus 13 anos escolares sem precisar pegar um livro para estudar para uma prova. sempre me contentei em me manter na linha azul dos aprovados e nunca em realmente absorver o conteúdo tão importante para o meu crescimento pessoal. hoje em dia me arrependo disso e queria muito poder voltar no tempo para aniquilar a displicência com que passei meus tempos escolares. um desejo sem fundamento, entretanto.

e agora me pego na perspectiva de nunca poder ser um profissional devidamente qualificado, já que meus pais não tem condição de manter uma faculdade particular para mim. se outrora não conseguia decidir por um curso, coloquei na cabeça obrigatoriamente que havia decidido fazer o curso de letras em inglês, simplesmente pelo fato do curso ser o mais barato e mais acessível, mas mesmo assim tudo ainda me parece muito distante. resolvi juntar grana, uma caixinha pra começar a faculdade ano que vem sem falta, mas o dinheiro some com gastos bobos e supérfluos. e mesmo se eu poupasse essa grana, como manter uma faculdade com um salário mínimo e ainda suprir minhas necessidades básicas - ou não tão básicas assim?

talvez eu esteja acomodado, sem perspectiva, talvez o futuro seja realmente complicado ou talvez eu esteja fardado há uma existência medíocre e incompleta. o que sei por enquanto é que meu futuro bate à porta todos os dias, querendo entrar. e eu realmente tenho um medo fdp dele, mas, nas palavras de amarante "o vento vai dizer lento o que virá..."

quinta-feira, 5 de junho de 2008

isn't it ironic... don't you think?

antes de qualquer coisa, eu não quero que com essa postagem você pense que eu sou uma dessas pessoas bipolares que odeia a vida com todas suas forças na segunda-feira e cai de amores pelo pôr-do-sol e pelas simplicidades sem significância na terça. eu só quero brevemente rever alguns pontos da última postagem feita há 2 dias atrás e corrigir algumas incoerências e injustiças. brevemente porque, depois de 12 horas de serviço, não vou gastar muito tempo achando as palavras mais apropriadas ou os termos mais bonitos. eu quero é dormir, porra! (rs)

como sabem, ontem foi aniversário de um dos meus melhores amigos, o gustavo. assim que sai do serviço (correndo para não perder o ônibus ¬¬') fui para a casa do filipe, tentar convencê-lo de irmos à casa dele, porque até então não tínhamos planos concretos de ir até lá. e qual minha surpresa de, ao chegar lá, filipe estar no banho, diego já estar arrumado e fabrício ligando para minha casa para me chamar para, exatamente, ir à casa do gustavo.

okay, eu sei que tá parecendo diário da kelly key. parei com a narração irrelevante. o que realmente interessa é que depois de ter escrito tudo aquilo (vide post anterior), a vida ironicamente me desmentiu e esfregou na minha cara que não são as pessoas que estão se afastando de mim, mas a única coisa que está entre mim e as pessoas que amo é a importância exagerada que estou dando à essa mudança de perspectiva. e eu me senti meio idiota e maldoso de falar que o diego nem sente falta da gente na vida dele, porque eu me senti muito bem só de estar ao lado dele novamente depois de meses. e só de estar todo mundo junto e termos chance de novamente rir e se divertir junto, minha mente encheu-se novamente de uma paz quase entorpecente. foi um dia muito simples, mas de magnitude pra minha humilde pessoa. =]

e então, agora a pouco, durante uma pizza enormemente exagerada para 2 pessoas, novamente luzes de um brilho quase cegante afastaram a escuridão dos meus temores íntimos, ressuscitando a esperança que há tanto tempo eu havia abandonado. foram palavras ditas ao vento, hipoteticamente, mas palavras as quais me agarro agora como uma tênue linha de esperança para uma vida mais feliz e completa. =]

amanhã tem mais comemoração do niver do gustavo, sábado tem comoração do niver da tassi e se eu me manter afastado temporariamente, saiba apenas que o peso sobre meus ombros foi aliviado depois de ouvir "no começo seria estranho, mas eu não diria corta aqui" (rs)

agora preciso ir para cama porque estou exausto.
até mais ;)

well life has a funny way of sneaking up on you
when you think everything's okay and everything's going right.
and life has a funny way of helping you out when
you think everything's gone wrong and everthing blows up in your face.

Alanis Morissette - Ironic

quarta-feira, 4 de junho de 2008

but heaven knows i'm miserable now

infelicidade, infelicidade mesmo eu nunca tinha conhecido. momentos tristes, pequenas depressões de meia hora, momentos nostálgicos, saudade de coisas que vivi, vontade de chorar, desespero contra tudo e todos... tudo isso de alguma forma já havia feito parte de algum momento na minha vida, seja naquela coisa rebelde sem causa da adolescência ou seja no momento que você pára pra refletir sobre sua vida e percebe que "fudeu, minha vida é uma merda!". mas a infelicidade nunca se infiltrou aos pouquinhos, nunca foi tomando seu lugar pedacinho por pedacinho, tornando meu sorriso uma forma forçada de fingimento da alegria que habitava meus momentos outrora. ela veio corroendo todos os laços que eu tinha com as pessoas, desatando-os deliberadamente, transformando a paz das minhas amizades no caos da solidão. e, de súbito, me pegando desprevinido, ela se apossou de mim e me transformou num cara infeliz.

se minha mãe lesse isso, ela ia vir com aquele sermão de sempre: "como você pode dizer isso tendo uma casa pra viver, comida no prato, bla-bla-bla" e daí cita as crianças africanas e sua dor, os terremotos na ásia e o povo sem teto e todas as grandes tragédias da humanindade, como se só eles tivessem direito de sofrer. okay, pode ser um pouco egoísta falar da minha infelicidade enquanto tanta coisa acontece no mundo, mas no escuro do meu quarto, o coração que bate desritmado, apertado, vazio, é o meu. as lágrimas que correm pelo meu rosto e a garganta sufocada, ávida por um grito de liberdade são as minhas. então, acho que também sou digno de ser avaliado como alguém que está sofrendo nesse mundo podre e quente do século XXI.

e vejamos então as raízes desses novos tempos obscuros e nefastos, porque, afinal, a infelicidade entrou na minha vida pela porta da frente e eu sei exatamente o motivo de ela ter se alocado por aqui, como uma praga devoradora de sorrisos:

- a long time ago, we used to be friends:
no começo desse ano, logo após a virada, eu fiz uma previsão que me soou óbvia e gerou exclamações como "pára com isso!", "cê tá falando bobagem" e talz: eu disse que 2007 tinha sido o último ano da nossa amizade, na forma em que ela consistia. entenda que eu conheço o filipe desde meus 6 anos de idade, diego e marcinho um pouco depois e o gustavo logo no ínicio da pré-adolescência. e sempre foi uma amizade bem forte, coisa de andarmos juntos quase que 24 horas por dia. o marcinho foi o primeiro a se afastar (ou ser afastado, não sei ao certo e não entrarei no mérito da questão), mesmo que ainda estivesse sempre pronto pra tudo que envolvesse o grupo. em seguida, diego despediu-se dessa amizade com muita facilidade e tudo bem, ele tem lá os sonhos dele e isso não inclui a gente. sobramos eu, filipe e gustavo e de certa forma, nós 3 sempre fomos muito mais ligados (como um grupo principal e marcinho e diego um sub-grupo, se é que me entendem). mas eu sabia que não ia durar e eu, particulamente, tinha um motivo pra acreditar nisso piamente. o estranho é que eu não precisei nem desse motivo pra dar como encerrada essa amizade, da forma que ela existiu. a coisa simplesmente aconteceu: filipe se afastou por um motivo incógnito, parecendo ter sido pego por uma onda de infelicidade tão profunda como a minha; gustavo tá namorando e feliz, e o dobro de felicidade invade meu coração, porque eu só desejo o melhor pra esses caras. e, eles insistem em colocar um espelho falso na frente do rosto e fingir que a coisa ainda é a mesma, mas não é. e parte da minha solidão atual vem do vazio que se alocou depois de perder as únicas companhias certas que eu tinha no mundo.

- do i have to be like them or be lonely?
sabe, as coisas meio que me forçam a acreditar em carma. afinal, só pode ser resgate de uma vida anterior vir pro mundo com a habilidade de amar tão apurada, com a facilidade pra encher seu coração de bons sentimentos e ser julgado e discriminado por isso. eu gostaria de entender, mas não consigo e passo então a procurar explicações em forças superiores, porque, como pode um fator biológico definir sua vida dessa forma brusca e violenta?
por ser um covarde e não ter peito de encarar a sociedade, eu fechei minha concha e me tranquei ali dentro pro mundo exterior. de vez em quando eu a abria um pouquinho e espiava lá fora, e nessas horas meu coração deixava-se pegar pelo tal amor ou coisa do gênero. e eu já sofri muito por isso, mesmo que de uma forma diferente. o amor pra mim continua sendo uma coisa distante e inalcançável e eu me pergunto até quando vai durar isso. porque a ausência de uma pessoa está fazendo uma ferida enorme agora e eu tenho medo de que acabe matando aos poucos meus sentimentos, me transformando numa pessoa fria e incapaz de amar.
eu não espero aceitação, não. esse é um ponto que eu não quero me envolver, porque a sociedade é a coisa mais podre que já pisou nesse planeta, com sua hipocrisia descomedida. eu só espero poder preencher esse vazio de alguma forma e rápido, porque tá doendo pra caralho! se alguém ai em cima anda guiando meu carma, pelo amor de deus, eu já aprendi a lição! (brincadeira, se ivando vir isso, ele me mata rs).

bom, preciso ir agora. hora do trampo. hora de colocar um sorriso falso no rosto e fingir pro mundo ali fora que aqui dentro não bate um coração escurecido pela falta de tolerância do mundo.

ps: hoje é aniversário do gustavo. feliz aniversário irmão. sabe que eu te amo, neh? ;)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

i must belong somewhere*


ultimamente, eu tenho gastado minhas manhãs de outono em caminhadas sob o sol opaco e morno, em trajetórias rotineiras e desinteressantes. nada a ver com o culto ao corpo perfeito imposto pela sociedade atual (afinal, ninguém usa essa droga mesmo, então pra que cuidar dele? rs). mas fazer essas caminhadas foi o jeito que eu encontrei de ficar mais próximo de mim mesmo.

com os fones no ouvido e o iPod sempre no shuffle, parto em uma caminhada de encontro com os meus maiores fantasmas, que resolveram me assombrar como nunca nos últimos meses. enquanto belle and sebastian, damien rice, kings of convenience e beirut tocam desordenadamente suas melodias, eu reflito e procuro respostas pras questões que andam perturbando meu sono. e, sobretudo, essas caminhadas me deixam mais próximo de algo que eu realmente amo: minha cidade.

o meu amor por nova friburgo - cidade serrana do estado do rio de janeiro - vai muito além de seus pontos turísticos, seus restaurantes pomposos ou seu ar de cidade européia. o que eu amo em friburgo é, por exemplo, depois de descer pra capital e ficar lá num dia quente e abafado, ao pegar os caminhos arborizados em zigue-zague da serra, você sente a mudança no ar, como se morássemos numa cidade tão egoísta que não compartilha seu ar puro com mais nenhuma cidade. um ar só nosso, é isso que temos. e eu adoro as cores da cidade, o jeito como o sol a ilumina de forma branda e serena, o jeito que o verde das matas reflete vivamente essa claridade quase melancólica. gosto até mesmo da iluminação artificial da cidade, amarelada e nostálgica, como se fôssemos ainda uma viela no alto das montanhas. e gosto, acima de tudo, de ver a cidade despertar. de subir uma de suas muitas montanhas e ver o sol a tocando carinhosamente com seus primeiros raios, evaporando aos poucos a névoa que a cobria. e eis que surge em seu brilho matinal o lugar que eu mais amo no mundo.

mas o mundo é grande demais pra gente nascer exatamente no lugar em que devemos passar o resto de nossas vidas. não que isso seja uma regra, mas funciona quando você começa a se sentir "um estranho no paraíso" (rs). e mesmo que eu ame nova friburgo e mesmo sabendo que ela sempre será a minha cidade, eu reconheço, nas palavras da bia "que ela se tornou pequena demais para mim". nada a ver com a geografia do lugar, mas quem mora aqui sabe que friburgo é um ovo. e pra tudo que eu eu quero viver, sentir e experimentar, friburgo torna-se inviavél de várias formas.

e eis que surge uma das principais questões da minha fase atual: pra onde eu devo ir, mew?
bom, a primeira opção foi dada pela minha própria mãe no ano passado: íamos todos (eu, ela e meu pai) mudar pra rio das ostras, uma cidade litorânea aqui próxima. não que fosse adiantar muita coisa, porque r.o. é um ovo ainda menor que friburgo (eles são um ovo de codorna, nós de galinha rs). mas novos ares seriam muito bem vindos e talvez eu conseguisse me adaptar lá aos poucos. saí do emprego, dei tchau pros amigos e um ano inteiro se passou sem que minha mãe tomasse atitude nenhuma de mudar. pois é, descartemos essa opção.

também temos a bia, que oferece sua casa prontamente para me receber a hora que eu quiser.
bom, eu sei que ela diz isso da boca pra fora, porque ela nunca me "adotaria" assim... ela não é louca a esse ponto (rs). a bia (que será tratata com mais propriedade nos próximos posts) mora em são paulo e acha que um pouco do ar da maior metrópole do brasil é tudo que eu preciso. será? acho que eu me sentiria completamente perdido numa cidade daquelas proporções. entretanto, uma cidade onde você é um anônimimo, onde as pessoas passam por você na rua e não te reconhecem e não te julgam seria um ótimo modo de lidar com tudo isso - pelo menos no começo. só há duas coisas que poderiam acontecer: ou são paulo me devoraria e eu voltaria correndo pra minha pequena suíça brasileira ou simplesmente eu me tornaria um cidadão honorário paulistano. pois é...

bom, enquanto isso, mesmo me sentindo um forasteiro na cidade que sempre vivi, comecei a juntar grana pra iniciar uma faculdade no ano que vem. afinal, já foram anos demais de relaxamento e comodidade. mas se a qualquer momento eu pegar essa grana e usá-la como capital inicial pra morar em são paulo, ninguém vai poder me culpar. às vezes, correr riscos é tão importante quanto um diploma na parede...
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* a americanização do blog é ligada diretamente à minha personalidade, à música que ouço, aos filmes que assisto e à presença da língua inglesa na minha vida. peço-lhes desculpa por isso ;)

domingo, 1 de junho de 2008

o vácuo entre a vida que eu tinha e a vida que terei.

okay, eu confesso, eu estou apavorado. eu posso disfarçar muito bem com meu sorriso torto e disforme, com meu senso de humor sarcástico e com minhas atitudes de quem não liga e não se importa. mas eu me importo sim e toda noite quando deito a cabeça no travesseiro, os pensamentos se fazem presentes como uma nuvem negra, ocultando a claridade calma e pacífica dos meus sonhos iminentes. é um receio tão íntimo que presumo que ninguém seja capaz de percebê-lo ou notá-lo. é uma coisa só minha, deslizando sob minha pele junto com o sangue. uma coisa que simplesmente chamo de medo do futuro.

eu tentei atrasar meu futuro o máximo que pude. fui criança o quanto meu tamanho e minha mentalidade permitiram. a maturidade ia crescendo dentro de mim e eu a escondia com álbuns de figurinhas dos pokemon; os instintos começavam a me dominar e eu os camuflava com brincadeiras de rua e infantilidades de todos os gêneros. fui o primeiro do meu grupo de amigos a ser afetado pela puberdade e simplesmente odiei aquilo com todas as minhas forças. i don't wanna grow up, i don't wanna grow up! eu entendo o johnny ramone mew... mas quando tornou-se impossível manter a essência da infância, já que eu podia esconder meus instintos, mas as pessoas ao meu redor não tinha nenhum propósito para fazer isso, me tornei um adolescente. contra minha vontade, é verdade, porque eu sabia que assumir a maturidade se aproximando era aproximar-se cada vez mais da batalha que eu não estava pronto para travar. e fingi ser um adolescente. creio que até fingi bem: tive crises de solidão e pensamentos suicidas, chorei por garotas, tomei porres, vomitei em baladas, idolatrei bandas horríveis, assisti malhação, fiz bagunça na sala de aula, me afastei dos meus pais, me aproximei dos meus amigos, escrevi histórias, arranjei um trabalho de meio-período e fui irresponsável. pelo menos um pouquinho. pelo menos pra disfarçar. e que atuação! uhu! and the oscar for best actor goes to...

a verdade, pura e simples, é que vivi uma vida de atuação até aqui. o show de truman talvez, exceto pelo fato de que sempre soube que eu estava vivendo uma ilusão. e a ilusão acabou. porque o mundo fantasioso que eu criei incluía dezenas de várias outras pessoas que vivem suas vidas verdadeiramente e estão crescendo e se tornando adultos. e de repente, toda a fantasia desmoronou e eu me pego no meio de um vácuo silencioso, numa solidão súbita e incomparável com qualquer outro sentimento que já tive na vida. um vácuo entre a vida que eu tinha e a vida que eu terei.

a coisa devia ser muito simples: é mais ou menos como a continuação de um filme - o primeiro volume acaba, partimos pro segundo pra continuar a história. e eu realmente amo o primeiro volume do filme da minha vida, todos os sorrisos que ele me causou, todas as lembranças de coisas simples, mas de uma profundidade sem tamanho. a questão é que "minha vida - parte 2" infelizmente é uma continuação independente, com novo elenco, novo roteiro e uma história completamente nova. às vezes eu acho até que nova friburgo não é o cenário certo pra esse novo filme, mesmo que eu ame essa cidade como sei que nunca vou amar outra. e dói um pouco perceber que é hora de dar adeus a tanta coisa. dar adeus a amizades de infância, a rotinas sistematicamente calculadas, a coisas que eu estou tão habituado e acostumado. e me falta coragem para dar adeus a essa vida. eu sou um covarde por natureza e tenho tanto medo do mundo que estou aqui, preso a uma rede de fingimento e mentiras.

bom, esse blog está sendo criado no exato momento de pré-produção do 2º volume do filme da minha vida, metaforicamente falando. um dos momentos mais difícies que já passei, porque estou reprimindo muita coisa, desde pensamentos e atitudes a relacionamentos e novas experiências. não tem intuito nenhum de ser um blog da bruna surfistinha, porque nada que será escrito aqui interessa a ninguém, mew. mas tem uma hora que você tem tanta coisa guardada dentro da sua cabeça que se não expor de algum modo, você acaba sendo massacrado pela sensação de que pode explodir a qualquer momento.

esse é um blog escrito pelo cara do primeiro filme, tentando explicar pro cara do segundo filme que, de alguma forma, tudo vai dar certo. jogue-se na vida, cara! você está perdendo tempo.