
O primeiro filme em cartaz da noite foi Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole no original, filme de 2011), um relato emocionado de um casal — lindamente interpretado por Nicole Kidman e Aaron Eckhart — que perdera o filhinho de quatro anos e, desde então, encontra dificuldades para seguir em frente com a vida.

Tomando fôlego, deixei o cinema norte-americano para assistir uma produção colombiano-peruana chamada Contracorrente (Contracorriente, 2009), bela surpresa ensolarada, lindo relato singelo de amor. Miguel, um simples pescador de um vilarejo peruano, mantém um caso com o pintor Santiago, embora seja casado e seu primeiro filho esteja pra nascer nos próximos dias. O pintor deseja viver junto com Miguel, mas falta coragem para o pescador de enfrentar a sociedade e os costumes do vilarejo. Santiago acaba morrendo num acidente de barco e sua alma fica presa a Miguel, sendo o único que pode vê-lo. É então que os dois vivem a plenitude do amor, embora Miguel precise encontrar o corpo do amado para promover os rituais de passagens e deixar Santiago descansar.

Eu tenho andado morto por dentro. Preso num vácuo emocional onde não sinto nada, não me emociono com nada que aconteça na minha vida. E cheguei ao ponto assustador de necessitar de filmes, como esses dois, para fazer minha alma sentir alguma coisa novamente. O efeito é devastador. Confesso que estou assustado com essa sensação e espero que tudo isso fique para trás logo. Preciso, urgentemente de qualquer coisa que faça eu me sentir vivo novamente.